Na Mensagem de Saudações Natalinas, a Madre Geral das Filhas de Maria Auxiliadora, Irmã Chiara Cazzuola, chega às origens do Instituto das FMA:
“…Venha logo! – Escreve de Mornese Dom Costamagna a Dom Cagliero – Aqui em casa tudo caminha e escorre por si como o óleo; tanto é o calor do amor de Deus que acontece nas Festas Natalinas” (Cronistória, II pág. 162).
Queridas irmãs,
quero chegar a vós não só virtualmente, mas sobretudo com o coração e a oração, sim, vamos a Mornese, como etapa já próxima no caminho para Belém. Vivemos este momento importante no percurso do 150º aniversário da fundação do Instituto, apropriando-nos um pouco daquele amor fervoroso de Madre Mazzarello, das nossas primeiras Irmãs e das primeiras meninas. Apropriemo-nos um pouco daquela energia jovem e corajosa: em Mornese tudo era jovem e apenas desabrochado, que transformava em vitalidade as emoções, as relações, a oração, a atividade.
Madre Mazzarello escrevia assim à Irmã Adele David, diretora da casa de Bordighera, em 27 de dezembro de 1879:
“Recebi a vossa carta, agradeço-vos pelos augúrios e orações que me dirigiram e que apreciei de todo coração. Jesus vos retribua com muitas flechas de amor, e eu, em troca, rezei a este terno Jesus Menino por vós. Estais contentes? “Passei todas por nome, disse: Irmã David, Irmã Carlotta, Irmã Giuseppina e Irmã Marietta, pedi que vos desse a sua humildade, o desapego de vós mesmas, o amor ao sofrimento e aquela obediência pronta, cega, submissa que Ele tinha ao seu eterno Pai, a São José, a Maria e que praticou até a morte de cruz. Disse-lhe que vos dê caridade e aquele desapego total de tudo o que não for Deus, a paciência e uma perfeita conformidade à vontade de Deus” (C 33).
Os augúrios de Madre Mazzarello na parada em Mornese, a caminho de Belém, nos encorajem a assumir na vida e na missão os traços sempre mais semelhantes a Jesus e nos tornem mais conscientes do evento que estamos para celebrar.
No Evangelho de Lucas encontramos a chave para entrar no mistério do Natal (cf Lc 2, 12).
“É este para vós o sinal: encontrareis um menino envolto em faixas, deitado numa manjedoura.”
Com esta Palavra evangélica paremos juntas diante da gruta.
O Sinal é um menino! Ninguém é mais débil, frágil do que um recém-nascido, necessitado de ajuda; no entanto, é todo vitalidade, energia, é futuro e potencialidade. É absolutamente “novo”, incontaminado. Este Filho nos revela também a escolha de Deus de encarnar-se num ambiente extremamente pobre, numa situação de absoluta precariedade e provisoriedade, num contexto socialmente desprezível, como a expressar, na absoluta simplicidade do nascimento, a nova criação que nele se realiza.
Os Pastores de Belém acorrem por primeiro à gruta. O Salvador identifica-se com eles e os quer junto ao seu berço de palha. Reconheceram sem demora o Sinal: o Menino, o Esperado, o Messias, o Salvador. São homens habituados a cuidar do rebanho, a estar com as ovelhas, a defendê-las dos lobos e dar a vida por elas. São o ícone do que será este Menino: o Pastor Bom, o modelo da nossa espiritualidade salesiana na ação pastoral.
Para voltar de Belém, de Mornese, cheias da graça e da alegria do mistério da Encarnação que desejamos traduzir em fraternidade serena, oblativa, solidária e em missão compartilhada e fecunda, devemos perguntar a Jesus o que nos indica Madre Mazzarello, o que os Pastores ensinam e o Papa Francisco nos sugere.
Quando veio nos visitar no CG XXIV, disse-nos que, Despertar o frescor original da fecundidade vocacional do Instituto, é uma perspectiva-chave para responder às exigências do mundo de hoje, que precisa descobrir na vida consagrada o anúncio daquilo que o Pai, pelo Filho, no Espírito, realiza com o seu amor, a sua bondade, a sua beleza. Isto não significa negar as fragilidades e as fadigas presentes em cada um e nas comunidades, mas crer que esta situação pode nos ajudar a transformar o hoje em um kairós, em um tempo favorável para acolher o essencial. É um desafio que nos convida a renovar o nosso “sim” a Deus neste tempo, como mulheres e como comunidades que se deixam interpelar pelo Senhor e pela realidade para se tornarem profecia do Evangelho e testemunho de Cristo, do seu estilo de vida.
Dentro de pouco tempo as nossas casas ressoarão com cantos, augúrios e orações.
Não temais – diz o anjo – porque Hoje nasceu para vós um menino, o Salvador. Hoje repete com insistência a Liturgia do Natal. Hoje é o nosso hoje porque Deus está conosco.
Com estes sentimentos, desejo-vos um sereno santo Natal, na alegria da contemplação deste mistério tão grande e na ação de graças ao Pai pela sua misericórdia infinita para um mundo que anseia pela esperança e pela paz.
Feliz Natal!
Roma, 24 de dezembro de 2021
Irmã Chiara Cazzuola
Superiora Geral do Instituto dasFMA
Fonte: Portal das FMA