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Um sonho para ser sonhado… em Rede!

Como já foi divulgado, nos dias 17, 18 e 19 de março, a Rede Salesiana Brasil (RSB) realizou em Porto Alegre/RS, o encontro anual presencial dos Comitês de Coordenadores Inspetoriais das Escolas, da Ação Social e da Comunicação e da Comissão Nacional da Pastoral Juvenil, reunindo 53 participantes vindos de todas as regiões brasileiras, em torno do tema: “Sonhando em Rede”.

Na conclusão do encontro, os participantes tiveram a oportunidade de vivenciar uma “Celebração de Envio” organizada pelas Coordenações Nacionais, cujo objetivo central era realizar a síntese pessoal da experiência vivida, revisitar o “Sonho dos 9 anos de Joãozinho Bosco”, prestar atenção ao próprio coração, sede de todos os sonhos, e reforçar ainda mais a capacidade de Sonhar em Rede porque Em rede as ideias acontecem.

Durante a “Celebração de Envio”, foi compartilhada a leitura do “Sonho dos 9 anos” com uma linguagem alternativa, o que ajudou os participantes a visualizarem a continuidade desse sonho e suas consequências educativo-pastorais em cada uma das realidades brasileiras que tem a graça de contar com a presença do carisma salesiano.

Eis o sonho:

«Na idade de 9 anos tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida. Pareceu-me estar muito longe de casa… em outro país… em outro continente… num campinho de futebol, daqueles com muita terra e pouca grama. Aquele lugar parecia um lugar qualquer… em uma cidade qualquer. Ali estavam meninos e meninas… brincando. Alguns corriam, outros ficavam pelos cantos. Alguns se fatigavam atrás de uma bola, outros implicavam com os colegas e diziam palavrões. No grupo, palavras e atitudes educadas? Nenhuma. Quando vi toda aquela falta de educação, me atirei no meio deles, chamei-os para perto, tomei a bola, dei uma bronca… e eles nem se importaram comigo. Aí eu gritei, peguei um deles pelo braço e sacudi. Quis, à força, fazer todos entenderem que estavam errados… muito errados!

Neste momento, do nada apareceu um homem… era de um aspecto tão elegante, tão iluminado, que nem parecia ser deste mundo. Tinha roupas brancas e longas. Tentei fixar o seu rosto, mas… inútil. Era impossível! Uma cegueira momentânea tomou conta de mim. Foi aí que ele se aproximou gentilmente, disse o meu nome… sim, ele sabia até o meu nome!!! Apontou para os meninos e meninas, falou que eu deveria ser um líder para aquele grupo e concluiu:

“Não é com violência, mas com a presença, a ternura e o respeito que vais conquistar estes meninos e meninas vulneráveis e desprotegidos. Começa logo, não temos tempo a perder: ensina que o bem faz bem e que o mal desfigura o ser humano”.

Tive medo… fiquei perturbado e fui logo dando uma desculpa, dizendo que eu era pobre tanto quanto eles e, além de tudo, não tinha estudo. Imaginem só: falar de coisas santas!? Eu? Logo eu? Aí, aconteceu algo inacreditável: aqueles meninos e meninas largaram tudo o que estavam fazendo e se juntaram ao redor daquele homem extraordinário, que dizia coisas instigantes. 

Desorientado, sem mesmo refletir, perguntei:

– Quem é você que exige de mim coisas que não sei fazer?

– Justamente por que não sabes fazer estas coisas, deverás aprendê-las. 

– Onde? Quando? Como? De que jeito?

– Eu te darei a Mestra… ela vai te ensinar todas as coisas.

– Mas quem é você que fala assim, desse jeito estranho, que só me confunde e me deixa perdido?

– Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a invocar de manhã, de tarde e ao meio-dia, recitando com fé uma Ave-Maria! 

– Minha mãe me proibiu de falar com estranhos. Diga-me o seu nome, pois você já sabe até o meu…

– Pergunta-o para minha mãe… 

Naquele instante, vi ao lado daquele homem extraordinário uma mulher, brilhante como o sol, vestida de um manto de luz, como se fosse uma rara constelação. Ela viu que eu estava confuso… percebeu minhas dúvidas… chamou-me para perto de si e me pegou pela mão. 

– Olha. ‘Gira o olhar!’

Vi então, naquele campinho de futebol, feito de terra e quase sem grama, um monte de cães, gatos, cabritos, lobos e outros animais ferozes. Os meninos e as meninas? Não sei, não estavam mais ali.

– Aqui é o teu lugar, é aqui que eu preciso de ti. Sê humilde, resiliente, resistente; o que agora vês acontecer a estes animais, é exatamente assim que deves fazer com os meus meninos e meninas.

Girei então a olhar e, no lugar dos cães, gatos, lobos e animais ferozes, vi dóceis cordeirinhos, que pulavam e brincavam ao redor daquele homem extraordinário e daquela mulher luminosa.

Nesse momento, ainda no sonho, comecei a chorar e, tropeçando em minhas próprias palavras, implorei que me falassem de modo mais simples, porque eu não conseguia entender o que diziam e nem sequer o que estava acontecendo naquele campinho de futebol, feito de terra e quase sem grama. A mulher luminosa colocou sua mão sobre a minha cabeça e disse:

– Será preciso uma vida toda para compreender tudo… mas, no final, compreenderás.

Ditas estas palavras, um barulho de não sei o quê me despertou, e não vi mais nada diante de mim: nem o campinho de futebol, nem os meninos e as meninas… nem o homem extraordinário, nem a mulher luminosa.

Fiquei perplexo! Tinha dores no corpo inteiro. Sentia um grande cansaço… exausto, suava. Aquele homem extraordinário, aquela mulher luminosa, as coisas que ouvi, o que disse sem dizer, povoaram meus pensamentos e passei o resto da noite em claro, sem dormir, pensando nos que haveriam de vir depois, pensando em vocês que hoje aqui estão SONHANDO EM REDE.»

Texto de Irmã Maike Loes FMA

Coordenadora Inspetorial de Comunicação (BAP)

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