“Não vos esqueçais da Hospitalidade, pela qual, alguns sem o saberem, hospedaram anjos” – Hebreus 13:2
Estamos passando por uma importante mudança de valores em nossa sociedade. Grande parte da humanidade vive em grandes aglomerados, ao lado de milhões de pessoas, mas de forma surpreendente, encontramo-nos cada dia mais sozinhos e isolados. O estresse cotidiano, a violência urbana, as relações de trabalho cada vez mais competitivas, a busca constante de melhorar os ganhos financeiros e a falta crônica de tempo são as possíveis causas do afastamento das relações humanas.
Precisamos com urgência da hospitalidade e da gentileza em nossas vidas atribuladas.
Ser hospitaleiro é ter sempre um sorriso no rosto e uma vontade natural de ajudar. Trabalhar a hospitalidade é aprimorar a sensibilidade, a capacidade de gostar das pessoas, das suas histórias, das suas particularidades. É exercitar o amor ao próximo. É acolher e hospedar o irmão com o coração.
“Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos”. Churchill.
Acolher as pessoas de forma educada e hospitaleira no lar, nas interações sociais ou no trabalho material é uma excelente maneira de praticarmos a educação emocional no dia a dia.
Nos evangelhos, encontramos diversas lições de hospitalidade, que muitas vezes passam despercebidas em uma primeira leitura, Conta-nos os evangelistas, que Jesus não tinha residência fixa e durante toda a sua jornada terrestre precisou da boa vontade de diversas pessoas. Ao chegar às cidades e vilarejos da época, ele e seus discípulos hospedavam-se na casa de amigos e conhecidos. Marta e Maria mostraram-se hospitaleiras e atenciosas a ponto de lavarem os pés de Jesus e o perfumarem com ungüentos e alabastros. A passagem em que ele pede a Zaqueu para jantar em sua casa também se tornou famosa.
A falta de recursos materiais não é empecilho para se exercer a hospitalidade em nossas vidas. Podemos hospedar todos que cruzarem nossa estrada pelos vínculos da alma e do coração.
Desabrigados existem, que não carecem de alimento, teto ou cobertor. Muitos precisam apenas de um sorriso, de um apoio, ou simplesmente de um diálogo amigo. Ofereçamos aos carentes do caminho a palavra de encorajamento, a amizade sincera e desinteressada, a capacidade de ouvir sem julgar as atitudes. A casa e os recursos materiais, muitas vezes, podem ser insuficientes, no entanto, para um coração hospitaleiro e acolhedor o limite é o infinito.
Era uma vez uma jovem chamada Lin, que se casou e foi morar com o marido na casa da sua sogra. Após alguns meses, verificou que não se adaptava aos seus hábitos e costumes. Os temperamentos eram muitos diferentes. Com o passar dos meses as coisas foram piorando, a crítica passou a ser contumaz, a ponto das coisas tornarem-se insuportáveis, no entanto, segundo as tradições antigas da China, a nora tem de estar sempre a serviço da sogra e obedecer-lhe em tudo.
Não suportando mais aquela situação, Lin foi consultar um velho mestre, amigo de seu pai. Após ouvi-la, o mestre lhe entregou algumas plantas medicinais e disse-lhe: – “Misture um pouco destas ervas todos os dias na comida da sua sogra, ela vai se envenenar lentamente. Mas, para não levantar suspeitas a seu respeito, a partir de hoje, trate sua sogra com carinho e deferência”.
Semana após semana, Lin serviu a refeição para sua sogra, e obedecendo a recomendação do mestre, tratava a mãe do seu marido com respeito, cortesia e educação.
Depois de alguns meses, aquela família sofreu uma sensível transformação, o respeito mútuo e o amor imperavam naquele lar. Como a relação com a sua sogra tinha mudado radicalmente, Lin correu procurar o velho mestre e aos prantos foi logo dizendo: – “Senhor quero salvar minha sogra da morte iminente, ela mudou muito nestes meses e tenho-a agora como mãe prestimosa”. Com um sorriso o mestre respondeu: – “Acalme-se, sua sogra não mudou, quem mudou foi você. As ervas que te dei eram vitaminas. O veneno estava nas suas atitudes, mas felizmente, ele foi substituído pelo antídoto do amor”.
“ACIMA DE TUDO SEJA BOM. A BONDADE, MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA COISA DESARMA O CORAÇÃO”. – Lacordaire.
Paulo Pio
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