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São José: O Patrono da Providência e da Devoção Salesiana

No coração da fé católica, São José permanece como um símbolo poderoso de confiança, devoção e proteção. No dia 19 de março, os Salesianos de Dom Bosco (SDB) e as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) se unem em reverência a esse humilde carpinteiro, proclamado por Pio IX como Patrono da Igreja Universal em 1870.

A devoção dos Salesianos de Dom Bosco (SDB) a São José tem início com o próprio fundador da Congregação. Dom Bosco estabeleceu a celebração solene de sua festa em todas as casas salesianas. Sua fé era tão certa que ele introduziu práticas especiais em memória das dores e alegrias do Santo, visando inspirar a pureza e a busca pela santidade entre os jovens. “Em 1871 estabeleceu que em todas as suas casas devia ser celebrada pelos estudantes e pelos aprendizes a festa no dia 19 de março com recesso de todas as atividades […]. Desta sua devoção constante deu provas em 1859, quando introduziu no livro ‘O Jovem Instruído’ uma prática em memória das sete dores e das sete alegrias de São José. Uma oração para obter a santa virtude da pureza”. (Memórias Biográficas de São João Bosco, Volume VI, p. 204).

A devoção a São José é uma tradição também no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA). Para Madre Mazzarello e as primeiras irmãs Salesianas, São José não é apenas um modelo de fé, mas um verdadeiro protetor e provedor. Em meio às dificuldades econômicas e às incertezas do início da congregação, São José era invocado como o “ecônomo” da casa, aquele que providenciava as necessidades essenciais e intercedia nas horas de aflição. A confiança das irmãs em São José transcendeu os limites materiais, encontrando conforto e solução mesmo nos momentos mais desafiadores.

Os relatos da Cronistória das FMA testemunham o poder da intercessão de São José. Em um episódio marcante, durante uma epidemia de varíola, São José foi invocado como protetor do Instituto e sua intercessão foi reconhecida como fundamental para a preservação da comunidade. Em outro momento, diante da necessidade de expansão do Colégio de Nizza, a confiança em São José foi reforçada, resultando em graças inesperadas e no fortalecimento da fé e da alegria na comunidade.

“Com esta bela função fica aberto o mês de São José, já invocado como ‘ecônomo’ do Instituto e, neste ano, também como enfermeiro e médico, porque em Nizza como em todo o Piemonte continua a grassar a varíola.

São já mais de 300 as vítimas na cidade; entre nós se verificou o caso de algumas Irmãs e alunas atacadas por simples varicela, tanto que as pessoas externas não se persuadem de que o Colégio de Nossa Senhora tenha ficado ileso e algumas chegam ao absurdo de pensar que também entre nós tenha havido mortes pela epidemia e que as vítimas tenham sido sepultadas em casa! Não sabem como é potente o nosso protetor São José, ao qual confiamos todas as pessoas da casa”. (Cronistória do Instituto das FMA, volume 3 – p. 115)

A devoção a São José não é apenas uma expressão de piedade, mas uma fonte de inspiração e proteção para os Salesianos e Salesianas. Em seus momentos de necessidade e na busca por orientação espiritual, São José é invocado como um guia e amigo fiel. Sua vida de humildade, obediência e serviço ressoa profundamente nos corações dos membros da Congregação Salesiana, inspirando-os a seguir seu exemplo no trabalho de educação e evangelização das juventudes.

Em 1870, o papa Pio IX declarou São José como Patrono da Igreja Universal. Recentemente, em 2020, com a Carta Apostólica Patris corde (Com coração de Pai), do Papa Francisco, celebrou-se os 150 anos da declaração de São José como padroeiro da Igreja. Nesse contexto, os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora renovam sua devoção ao Santo, confiando em sua intercessão constante e em seu exemplo de fé inabalável.

O QUADRO DE SÃO JOSÉ NA BASÍLICA DE MARIA AUXILIADORA (TURIM-ITÁLIA)

Memórias Biográficas de São João Bosco, Volume X, p. 1053-1055

“No dia 26 de abril, festa do Patrocínio de São José, finalmente se pôde contemplar em seu altar no Santuário de Maria Auxiliadora o quadro do Santo Patriarca, solenemente abençoado por Dom Bosco. Ele próprio quis realizar a sagrada cerimônia, da qual, muitos anos depois, o P. Francisco Picollo, escrevia as seguintes recordações:

Os olhares de todos se concentravam sobre o grande pano que cobria o quadro; enorme era a ansiedade para constatar se de fato o quadro era tão belo como tinha sido descrito. Quando a suave imagem de São José apareceu tal como Dom Bosco a tinha sugerido ao pintor Lorenzone, em cores tão bem equilibradas, ouviu-se no templo um murmúrio geral:
todos comentavam em voz baixa as próprias impressões.
   –  Como é bonito São José!, dizia um colega, veja como é suave o Menino Jesus que apoia sua cabeça sobre o peito do Santo…
   –  Está vendo o cestinho de rosas, dizia outro, sobre os joelhos do Menino? Ele entrega as rosas a São José que as deixa cair sobre o Oratório…
   –  São o símbolo das graças que nos quer conceder, acrescentava um terceiro…
   –  Não é um quadro o que estamos vendo; disse alguém, é alguma coisa que fala…, é uma pregação: basta olhar para logo compreender o que é a devoção a São José e quanto ele se interessa por nós!
Um som de campainha restituiu o silêncio entre os fiéis, enquanto a voz clara de Dom Bosco entoava: – Deus, in adiutorium meum intende… e invocava os sagrados carismas com que Deus enriquece as imagens dos Santos quando, pela bênção do sacerdote, deixam de ser coisa profana para se tornarem coisa sagrada. Dom Bosco abençoou o quadro que parecia sorrir a toda aquela multidão de jovens que nele depositavam sua própria confiança; depois cantou também a Missa solene.

Eu estava perto do altar e pude admirar o devoto elá do Servo de Deus que com frequência voltava os olhos para o quadro e que cantava com que comovida as orações ao Santo. Também o coral de mais de cem vozes juvenis que, do coro, cantaram: Como une roo-iris, refulge José entre as nuvens da glória, é como um ramalhete de rosas nos dias de inverno.., despertou na multidão de jovens secretas elevações espirituais. As rosas na mão de São José e os cânticos das vozes argentinas de centenas de jovens davam a impressão de estarmos num jardim embelezado pelo esplendor da majestade de São José e perfumado pelo aroma das virtudes do grande apóstolo da juventude, que estava a seus pés, concentrado no êxtase da sua piedade.

Dom Bosco mandou fazer fotografia do quadro que foram largamente difundidas pela livraria pela livraria do Oratório, e o Unità Cattolica, no dia 7 de maio, fazia este elogio: 

Ite ad Joseph. Temos diante dos olhos uma bela fotografia, representando o Patrocínio de S. José, do quadro a óleo posto num dos altares laterais de igreja de M. Santíssima Auxilium Christianorum no Oratório de S. Francisco de Sales em Turim.
O quadro é mais um trabalho do Sr. Lorenzone, cuja arte, particularmente em obras de caráter religioso, não precisa das nossas palavras para ser conhecida. Amigos e inimigos do excelente artista reconhecem concordemente que em questão de sentimentos, isto é, de expressão do afeto religioso, daquele não sei quê que fala à alma e que desperta vívidos e variados afetos do coração de quem admira a pintura, mesmo sem ser conhecedor da arte, o pintor não fica atrás de ninguém atualmente.
O conceito que domina o trabalho é simples, mas, especialmente devoto, adaptado à capacidade do povo, a fim de fazer-lhe captar, num simples olhar, a sublimidade e o poder do gloriosíssimo Esposo da Mãe de Deus. O Santo, ereto, em pé sobre uma nuvem, rodeado de anjos em atitudes variadas e muito devotas, traz nos braços o Menino Jesus, que apoia sobre os joelhos um cestinho cheio de rosas.
O Menino toma as rosas e as oferece a São José, que, aos poucos, vai deixando cair sobre a igreja de Maria Auxiliadora, que aparece na base do quadro. A atitude do Menino Jesus é muito graciosa, porque, voltado para seu Pai adotivo, lhe sorri com infinita doçura. Diante daquele sorriso divino, o Santo Patriarca parece extasiado, e poderíamos dizer que a alegria celestial do Divino Infante se duplica ao refletir-se na do amado semblante de São José.

A completar o delicioso grupo, ao lado do Menino Jesus, ereta, em pé, em atitude envolvente, a Santíssima Mãe Maria Virgem, como que arrebatada em contemplação daquele doce e inefável intercâmbio amoroso do seu Divino Filho e de seu puríssimo Esposo, parece fora de si pela infinita doçura que inunda seu coração.
Ainda um particular. O P. Francisco Giacomelli, ex-colega de Seminário do Santo, e depois da morte do Teól. Golzio, seu confessor, narrava que, ao notar que as rosas que São José deixava cair de suas mãos eram vermelhas e brancas, perguntou a Dom Bosco: – O que significam essas rosas brancas e vermelhas? Ele não respondeu. Então eu lhe disse – A mim parece que as rosas brancas representam as graças que agradam a nós, e as vermelhas as que agradam a Deus. Que acha? – Muito bem, ele respondeu, as rosas vermelhas são as melhores!

Por Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil 

Fontes:

Memórias Biográficas de São João Bosco, Volume VI, p. 204

Memórias Biográficas de São João Bosco, Volume X, p. 1053-1055

Cronistória do Instituto das FMA, volume 3 – p. 115 e 135 – Ano 1880

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