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Comunidades participam de “formação permanente” online

No último sábado, dia 12 de agosto, as comunidades religiosas da Inspetoria Nossa Senhora Aparecida (BAP) participaram de um encontro de formação permanente, sobre o tema: “Relações humanizadoras e Sinodalidade”, ministrado por Irmã Edilamar da Glória Martins, da Congregação Passionista.

O encontro, em formato online, reuniu 18 comunidades e um número significativo de Irmãs. Esta foi uma nova possibilidade para gerar maior integração e conhecimento recíproco entre as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) que compõem a BAP, e que desempenham suas atividades educativas nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O encontro contou com a abertura e a palavra inicial de Irmã Alaíde Deretti, Inspetora da BAP, que acolheu as comunidades presentes falando da importância do tema para «ir construindo sempre mais em nossa BAP a cultura do encontro». Também reforçou a necessidade de «um maior encontro recíproco e valorização de nossas diferenças». Convidou as Irmãs a assumir «uma aventura carismática, na qual cada pessoa e cada comunidade tem um papel complementar e recíproco, assim como numa grande orquestra, onde todos têm que entrar no momento certo». Irmã Alaíde fez ainda uma comparação entre o mundo “material” com sua inseparável rede de conexões e as comunidades: «do mesmo modo nós nos pertencemos umas às outras». Por fim, recordou que «este é o novo que precisamos fortalecer em nossas realidades», para enfim «saborear na vida comunitária o valor do encontro fraterno».

Em seguida, Irmã Helena Gesser, coordenadora do Âmbito da Formação, convidou as participantes para um momento de espiritualidade, invocando a presença do Espírito Santo através do canto: “Preenche meu ser”. Que o Espírito Santo «abra os nossos corações, as nossas mentes para acolhermos com muita abertura e docilidade a mensagem, a reflexão, os questionamentos e desafios que a nossa assessora nos trará nesta tarde», disse Irmã Helena.

Na sequência, Irmã Helena apresentou a assessora, Irmã Edilamar, ressaltando que além da competência profissional, Irmã Edilamar é também membro da equipe de Coordenação da Conferência dos Religiosos da Regional de São Paulo.

Irmã Edilamar iniciou a sua palestra agradecendo o convite e destacando que as FMA são uma referência, e que é importante tomar consciência disto: «vocês são uma referência pelo número de seus membros, pela força do carisma, pela tradição na missão educativa e pelo destaque de algumas Irmãs na Igreja como um todo». A assessora destacou também que é importante tomar consciência para se apropriar desta realidade, «de como é vista a Filha de Maria Auxiliadora».

Explicou em seguida que associou o tema da Sinodalidade ao tema das Relações humanizadoras porque «é algo que estamos vivendo na Igreja».

No desenvolvimento do tema, Ir. Edilamar destacou que o mundo em mudança no qual se vive, vai afetando também a Vida Religiosa. E as mudanças que aí estão, são fruto da «globalização tecnológica». Citando Papa Francisco, ela afirmou que o Papa é sempre «muito atual, muito conectado, muito atento». Os conflitos do mundo atual, onde tudo acontece muito rapidamente, foram afetando a Vida Consagrada e interferem no modo como as pessoas se relacionam. Por isso a importância de refletir sobre o tema das relações.

Segundo Irmã Edilamar, é necessário perguntar-se: «por que e para que vivo em comunidade?». A assessora indicou o individualismo como aquela atitude sutil que vai entrando na vida e que se contrapõe à sinodalidade, que «privilegia o “eu” à coletividade».

Nos tópicos apresentados, Irmã Edilamar falou da afetividade, da capacidade de convivência e da delicadeza: «ao longo do tempo, fomos estruturando uma vida muito formal», baseada na observância das leis e das normas, o que prejudicou a afetividade, «nos tornando secas, rígidas, indiferentes».

Falando da vida de oração, Irmã Edilamar destacou o quanto é importante rezar com afeto: «sem ternura, sem afeto, nossas orações se tornam frias. O nosso ser mulher tem um diferencial na Vida Religiosa». Com muita propriedade, a assessora indicou as principais dificuldades da vida fraterna, trazendo exemplos concretos a partir da sua experiência para tornar mais compreensível o conteúdo.

Quanto ao aspecto da comunicação e das tecnologias, Irmã Edilamar afirmou que «hoje, com esta questão das redes sociais, encontramos todo mundo». Mas, ao mesmo tempo, «aumentou a insegurança, o medo, porque tudo acontece muito rápido». Vive-se em rede: «rede de relações, rede de escolas, rede de comunidades, mas estas redes podem ser feitas e desfeitas a qualquer momento». «Os meios virtuais, dentro da Vida consagrada, nos dão uma ilusão de intimidade e de proximidade, e muitas vezes podem se tornar um refúgio para escapar das interações na comunidade», o que favorece – na opinião da assessora – o isolamento. Há o perigo de se isolar diante do próprio computador, do celular… «estou junto com todo mundo, mas estou fora». Em relação aos aplicativos, Irmã Edilamar afirmou que há situações em que as relações comunitárias ficam restritas ao grupo do WhatsApp: «nossa comunicação fica reduzida ao grupo, mas não nos falamos face a face. “Já li o grupo, já passei mensagem no grupo, já me expressei no grupo…” e estamos deixando de nos olhar, de falar, de expressar nossos sentimentos».

Na visão de Irmã Edilamar, «os relacionamentos virtuais têm aumentado continuamente», ao que ela se pergunta: «seria a tecnologia responsável por aproximar ou afastar as pessoas?» E conclui que é necessário «rever e buscar uma nova cultura de relacionamento e de comunicação que se estabeleça por conexões racionais e emocionais», porque corre-se o risco de «dedicar muito mais tempo, de valorizar mais as relações virtuais do que as relações cara a cara». E convidou as participantes àquilo que ela define como “humanização da comunicação”: empatia, capacidade de se colocar no lugar da outra, «compreendendo as necessidades e limites da outra».

Para concluir a reflexão, a assessora destacou que «a escuta é um traço da sinodalidade. Escutar é muito mais do que apenas ouvir». E indicou que um dos caminhos para humanizar as relações é a escuta. «A escuta tem a ver com a atenção.» Finalizou a sua colocação falando da arte do cuidado e do cuidar-se. «A questão do cuidado vai consolidar a proximidade para com a outra, a confiança», é o que indica a ética do cuidado. «No cuidado, observar, me demorar na outra»: eis a lógica da atenção e das relações humanizadoras. E deixou para o grupo, uma tarefa: «sinodalidade e humanização: tarefa e compromisso das Filhas de Maria Auxiliadora».

Ao término da palestra de Irmã Edilamar, Irmã Lúcia Maistro, membro da equipe do Âmbito da Formação da BAP, apresentou algumas ressonâncias e fez os agradecimentos. Falou sobre aspectos carismáticos presentes na palestra da assessora, como por exemplo, a dimensão da amorevolezza: «nós temos como principal elemento das nossas relações a questão da amorevolezza, que é uma palavra italiana, mas que fala deste “amor demonstrado” (…) o cuidado com o outro faz parte do Sistema Preventivo». E, fazendo conexões com o tema do último Capítulo geral, recordou a construção «de relações de vida, gerar vida nova. Temos que começar a gerar vida nova dentro de casa, em nossas relações». Por fim, citou a primeira comunidade de Mornese, conhecida como “a casa do amor de Deus”. «A casa que temos que construir é a casa do amor de Deus», concluiu Ir. Lúcia.

O encontro “Relações humanizadoras e Sinodalidade” foi uma iniciativa do Âmbito da Formação, previsto no calendário inspetorial de 2023, e contou com o apoio direto e técnico do Âmbito da Comunicação, em uma experiência de sinergia e sinodalidade.

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